terça-feira, 26 de julho de 2011

O diálogo resolve

Quando iniciei na profissão de professora achava que precisava ser dura, autoritária e com olhar severo para convencer o aluno a me entender. No decorrer do tempo fui mudando a postura séria e autoritária por uma olhar mais real e mais próximo dos meus alunos. O que quero dizer é que sempre tive no olhar o poder de convencer e chamar a atenção dos alunos. Às vezes eles diziam que sabiam quando eu estava nervosa ou brava, somente como eu olhava para eles. Sempre conversei com meus alunos olhando bem nos olhos deles, e nunca demonstrei pena de nenhum deles. Procurava mostrar a eles que nada, nada no mundo pode mudar o que pensamos, mas podemos mudar nosso futuro fazendo, buscando os objetivos que almejamos. Não podemos ter pena, dó dos alunos por mais pobres, necessitados ou deficiência que tenha. Podemos sim, tratá-los igualmente, demonstrando que somos todos iguais. Lembro-me de uma situação que aconteceu comigo há uns dez anos atrás. Eu trabalhava na quarta série e sempre mantive minha turma harmoniosa e tranqüila, com os alunos mais irrequietos, procurava conversar ter um diálogo bem aberto com os pais e com a coordenadora da escola. Tentava saber qual o problema desse aluno, e na maioria das vezes eles acabavam confidenciando coisas que nem as mães sabiam: como abuso sexual, vergonha do pai consumidor de drogas/bêbados, vergonha de ser pobre.... Nestes casos eu procurava conversar com a mãe ou pais, ou avó, ou ainda responsáveis pelo aluno e indicava sem que a pessoa percebesse que foi o aluno que disse, o problema em questão.

Ás vezes também me apaixonava por um daqueles pequeninos que tinha muita energia para consumir, mas me cativava e assim as colegas da escola diziam que eu protegia alguns alunos que não era da minha turma. Sei que era amada por eles também, eram carinhosos, amorosos e me respeitavam.

Enfim, quero relatar uma situação que aconteceu comigo há dez anos. Eu tinha uma aluna linda, e se dava muito bem comigo. Conversávamos sobre família, escola, amigos etc. Um dia fui surpreendida na porta da minha sala de aula com a mãe extremamente exaltada, gritando que eu havia discriminando a menina por ser negra. Assustada as crianças pararam o que estavam fazendo e ficaram perplexas olhando para a porta e ao mesmo tempo esperando qual seria minha reação diante do fato. Como eu estava no fundo da sala corrigindo cadernos na carteira de um aluno, caminhei suavemente para a porta. Estava nervosa, lógico, mas confiante do que iria fazer e dizer porque olhava para o rosto da filha da senhora que estava exaltada, e a mesma parecia não acreditar no que a mãe estava fazendo. Cheguei próximo a senhora, e disse –lhe que eu jamais tive algum preconceito em relação a cor de alguém, pois minha avó paterna era negra, meu pai era moreno, eu havia casada com negro e minha filha é morena. Sendo assim, seu estaria negando minha própria família se discriminasse alguém pela sua cor. A mulher me olhou fixamente nos olhos e sem jeito pediu que chamasse a filha. Diante da menina ela repetiu a situação acusando desta vez a menina de dizer a ela que eu a havia discriminado. A menina em prantos, disse que só fez aquilo porque se sentiu abandonada pela professora, pois eu estava dando mais atenção a outros alunos. A mãe nervosa quis chamar a atenção da menina na minha frente. Neste momento convidei a mãe para conversarmos na sala dos professores. Lá expus várias conversas que tive com a filha dela, como a vergonha da cor, a falta de compreensão e diálogo da mãe, a falta de um gesto de carinho como um beijo, um abraço, boa noite filha. Parece pouco para um adulto, mas a criança e adolescente sentem se muito abandonados quando não há afetividade em casa. Pedi a mãe que juntássemos forças para ajudar a menina e que eu estava a disposição dela toda vez que necessitasse conversar comigo. Conversamos longamente daquele dia. Muitas vezes, é indispensável o professor parar para ouvir uma mãe, ou pai, ou mesmo um aluno, evita que a escola tenha diante de todos, um discurso queixoso e aprenda a ouvir e ser ouvido. Esta senhora, passou a freqüentar mais a escola, não faltava a reuniões de pais e sempre que me encontrava em lugares fora da escola fazia questão de me cumprimentar. A escola me ensinou a ser mais tolerante, e o diálogo é peça fundamental para se relacionar com pais e alunos.

domingo, 24 de julho de 2011

Saudades, lembranças nada mais

(Neuza, Zilda, Almira,Eliana, Edna e Elenice-foto)

Hoje vou comentar minha relação com as professoras com as quais trabalhei na Escola Estadual Othon Viegas de Pinho. Talvez, seja injusta e não escreva o nome de alguma pessoa que trabalhou comigo, mas por certo não menos importante para minha formação.
A Lieni era a irmã a Ana, duas pessoas maravilhosas, profissionais e responsáveis com seus alunos. Nessa época a Ana vendia jóias que me atraia muito, sendo assim comprava alguns anéis, brincos para presentar minhas irmãs e para mim. Esta era uma forma alternativa de
compensar o baixo salário que nós recebíamos. Na época, elas eram casadas e mães de filhos lindos. A Edna era minha melhor amiga na escola. Um pouco mais velha que eu, mas uma pessoa maravilhosa, bem educada e se preocupava muito comigo e com a minha irmã que trabalhava também na escola. A Neuza trabalhava na secretaria da escola mas, era nossa colega, nos ajudava muito conversando e dando conselho acerca da realidade na escola. A Almira era a diretora, paciente, chegando a ser indiferente à questões mais graves. Ela não desautorizava o professor, mas também não tinha muita autoridade diante dos pais dos alunos. A Elenice é a minha irmã, estava como eu, tentando conciliar nosso aprendizado no magistério e a realidade que enfrentávamos na escola. Ela é a pessoa que escutava minhas angústias e ansiedades com relação a minha sala de aula. A Zilda uma professora muito talentosa e com muito respeito diante dos alunos. Uma amiga que me ajudou muito na trajetória profissional. A coordenadora Etelvina era uma pessoa muito pacata e sem conhecimento de pedagogia. Parecia estar lá, aguardando apenas a aposentadoria. A escola tinha apenas 8 salas de aula, 1 secretaria com diretoria conjugada, 2 banheiros feminino e masculino, uma quadra de esporte descoberta, uma pequena varanda na frente das salas de aula. Tenho muitas saudades daquele tempo.


Infelizmente não tenho foto da escola.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

EU NUNCA DESISTI DELES!



Em 1980, iniciei minha vida de educadora. Havia saído do magistério e passei no concurso público estadual para o cargo de professora I a IV série. Este foi o maior concurso público para os profissionais da educação já realizado no estado de Mato Grosso. Enfim, fui nomeada para lecionar na Escola Estadual Othon Viegas de Pinho, hoje não existe mais, no bairro Pico do Amor. Lá, encontrei o apoio e o incentivo de algumas professoras mais velhas e que acreditavam que a educação estava passando por um momento de transformação e melhoria. Foi neste ambiente que cheguei. Ana, Lieni, Edna, Almira, entre outras. Éramos as mais jovens com apenas 21 anos, sem nenhuma experiência de sala de aula, estava a fim de me entregar, de mostrar o que aprendi no curso de magistério. Fomos muito bem recebidas eu, e mais duas professoras com a mesma idade.

A reunião pedagógica foi realizada para definir as turmas que iríamos pegar.As professoras mais experientes e conhecedoras da realidade na escola escolheram alunos que não eram repetentes, e aboliam firmemente os alunos que eram repetentes de sua Tuma. Por serem mais antigas sentiam - se no direito de exigir alunos bons que aprendiam com facilidade e que tinham disciplina em sala de aula. Fiquei apenas observando a reação das professoras e suas justificativas para não aceitação daqueles alunos que elas mesmas estavam repetindo ano a após ano. E o que sobrou para nós, as novatas da escola, os alunos repetentes. Assim que fui chamada a diretora me indicou uma sala de alunos problemáticos com a disciplina e repetentes, e no entender na diretora eu era jovem e poderia transmitir aos alunos a companhia de uma irmã mais velha. Não sabia, nem imaginava o que estava por vir. No primeiro dia de aula quase morri do coração! Entrei na sala de aula e encontrei mais de quarenta alunos, alguns já nos seus 15 ou 16 anos, outros 12, 14 anos e os menores 10, 9 anos. Por um instante pensei em desistir, o medo de não saber controlar aqueles alunos era imenso. Junto havia um aluno especial, filho de uma funcionária da escola. Ah! Os filhos de funcionários que não respeitavam professores ficavam com as professoras iniciantes. Pois bem, ele estava lá. No magistério eu havia aprendido que a autoridade, e o respeito poderiam ser pontos fortes na sua didática. Resolvi conhecer meus alunos e entender porque reprovavam tanto. Os alunos estavam naquela sala porque reprovavam 2, 3, 4, 5 anos seguidos na primeira série e não avançavam para a série seguinte, mas desisti de questioná-los.

Fiquei desnorteada, sem saber por onde começar meu trabalho. Conversava com minhas irmãs, e colegas desabafando a minha insegurança e minha decepção, porque os alunos faziam muita bagunça não me respeitavam por mais que eu gritasse na sala. Durante o primeiro bimestre estava exausta, cansada e deprimida. Aquele aluno especial ficava gritando no final sala enquanto eu copiava as tarefas no quadro negro, e os outros alunos riam, gritavam também, andavam pela sala, copiavam uns dos outros. Indignada com a situação procurei a diretora e coloquei o problema. Ela nada podia fazer, e dizia que eram alunos matriculados e já estavam na escola há muitos anos. Qualquer coisa que eu fizesse estava bom. Decidida em ajudar de qualquer maneira aqueles alunos, resolvi mudar minha estratégia de sala de aula. Eles gostavam de brincar, de gritar, de pular, de correr, de extravasar toda sua energia acumulada, esse era o ponto. Mudei minha postura autoritária junto a eles, e realizava durante a semana três aulas fora da sala de aula no quadra da escola descoberta e em meio a um sol quente. Não era maldade, mas era o único espaço livre que tínhamos na época. Lá sentada com meus alunos num enorme circulo, sob a pouca sombra que batia na quadra vinda das paredes das salas de aula, fazia brincadeiras de batata quente, lenço atrás, corre cutia e stop, etc. Cada brincadeira era modificada de acordo com o conteúdo estudado na sala. Por exemplo: a batata quente era soletrara por cada alunos BA- ta- ta- quen- te....... e assim sucessivamente até que a brincadeira acabava. Corre cutia era dita diferente se estávamos trabalhando ciências dizíamos: corre vertebrado de noite de dia ou corre invertebrado de noite e de dia..... e assim reinventava as brincadeiras. Na matemática a brincadeira era com lenço atrás onde contávamos um, dois, três .......... até terminar a brincadeira. Na sala de aula cobrava dos alunos a disciplina e caso não cumprissem não teríamos a brincadeira na quadra. Isso, desenvolveu nas crianças um elo de responsabilidade e de respeito comigo. Claro, na sala de aula os elogios e presentinhos como um pirulito, duas balinhas, para os alunos que liam e estavam superando as dificuldades. Passei a cobrar mais dos alunos queria vê-los lendo superando suas dificuldades e entendendo que não eram piores que os outros, eram tão bons quanto. Faltava ainda, integrá-los aos outros, fazer com que não se sentissem inferiorizados. Conversei com as outras professoras e juntas pedimos ajuda no comércio local, na Maçonaria e fizemos uma linda festa do dia da criança com brincadeiras, danças, e muita guloseima além dos presentinhos para as crianças. Isso possibilitou aos meus alunos o prazer de estar na escola. Minha sala não havia desistência, coisas corriqueira em anos anteriores. No final do ano eu tinha recuperado mais de 80% dos alunos repetentes, e fiz uma festinha com bolos, sucos e presentinhos para estes alunos que me ensinaram que na educação só não há jeito para as pessoas que se acomodam e desistem de lutar.

Professora Eliana Candido.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Criando e recriando

Gostaria de apresentar à voces ideias de temas para as férias.


Estamos cheganda próximo as férias do I semestree um bom tema é


"O que fazer em casa enquanto as aulas não chega!"-


A criança fica em casa ociosa e a TV, Video Game e Computador são as companhias nas férias da criança. Vamos sugerir algumas atividades para as crianças fazerem em casa enquanto aguarda o retorno às aulas.


- Preparar um piquenique com os melhores amigos da colégio. Assim,poderão colocar a conversa em dia.


- Realizar uma competição de peteca, dominó, xadrez, jogo da velha e stop. Convidar alguns coleguinhas e parentes para brincar. Será uma tarde maravilhosa.


- Convidar algumas colegas (ala feminina) para um desfile em sua casa. Prepare tudo, local, cadeiras, música e convidados para aplausos.


- Pedir a um adulto ajuda no preparo de um belo brigadeiro e alguns lanches para uma tarde de poesia. Leve livros de poesias para que todos leiam e possam conversar sobre a leitura.


Enfim, prepare os seus alunos para as férias. Ter prazer de voltar as aulas faz com que as crianças tenham mais rendimento nos estudos.






sexta-feira, 1 de julho de 2011

Vida

Avida é como sol
tem dia que brilha intensamente
e tem dia que está nublado
mas é vivendo que contornamos
os obstáculos do caminho.