domingo, 23 de maio de 2010

Como tudo começou.

Apresento à vocês um trabalho que considero de suma importância para as escolas. Percebendo que havia muitos alunos com dificuldades de aprendizagens sugeri a coordenadora da escola que realizássemos um levantamento da situação social, familiar e individual de cada aluno do 6º ano. Autorizado, regacei as mangas e comecei um trabalho que demorou dois meses. Mostra á vocês uma pequena parte do trabalho porque no decorrer do mês estarei publicando outros resultados da pesquisa. A intervenção também será relatada para vocês acompanhem a desenvolvimentos positivo ou negativo do processo de aprendizagem dos alunos com dificuldades de aprendizagem.
Espero que contribua para que possam repensar a sua escola e comecem um trabalho de resgate destes alunos.


O Inicio...
Mais um início de ano letivo. Mais uma oportunidade de retirarmos os rótulos que, muitas vezes, colocamos nos alunos já no primeiro dia de aula. “Este aqui não passa de ano”, “este aluno já conheço, vai reprovar novamente”. São frases comuns ouvidas na sala dos professores.
Penso que a maior dificuldade de aprender está nos problemas orgânicos, emocionais e familiares, mais do que nos problemas clínicos. Junto a tudo isso, está o problema da escola e seus vícios de empurrar para a série seguinte o problema que persiste: os déficits de aprendizagens de alguns alunos. Alegar que a escola é chata, não ensina bem, é desestruturada e não tem como competir com a tv e a internet, é uma realidade presente nas falas dos professores. Mas o que irei focar neste momento é uma necessidade urgente da escola repensar e nortear ações para lidar com os alunos que apresentam dificuldades de acompanhamento e rendimento escolar.
Quantas escolas já fizeram este diagnóstico e tem consciência do problema. Mas quantas superaram este problema com alternativas praticas e reais que resultaram em melhoria de aprendizagem para os alunos? Não é preciso ser especialista para diagnosticar tal situação nas escolas. Não é preciso laudo médico-psicológico. A realidade esta ali presente para quem quiser ver.
É fundamental lembrar que no começo do ano letivo até a preguiça pode ser considerado um sintoma, mas não a causa da dificuldade de aprendizagem. E quando os professores começam a fazer o levantamento selecionando os seus alunos em bons, mais ou menos e ruins, surgem os rótulos educacionais: “este alunos não sabe nada,” “como pode um aluno deste ter sido aprovado”, “eu não posso dispor de tempo para trabalhar individualmente com estes alunos”, “tenho que dar atenção a todos, não a um em especial.” Esta pronto o diagnostico da sala. E agora que se tem o diagnostico, o que se faz para lançar mão de um processo de ensinar coerente ao caso?
Ao que me parece a escola tem medo desta realidade, recuperar um aluno que tem aversão a escola, que se nega a aprender ou vivenciar os novos conteúdo e a indisciplina que é uma capa de proteção aquele que tenta disfarçar sua dificuldade. Aluno que debocha do professor ou da aula está sofrendo e não sabe. Triste é o professor levar para o lado pessoal. Pior é usar nota para punir. Horrível é um aluno reprovar sem se saber a causa do desinteresse, do fraco rendimento.
Não há reprovação quando um programa de reestruturação do aprendizado é promovido. É preciso entender que todo aluno que não acompanha a aula tem direito a algum diagnostico e se preciso for um acompanhamento pedagógico.
Foi repensando estes problemas que a escola Estadual Maria Herminia Alves teve a iniciativa de realizar durante dois meses um minucioso diagnostico com os alunos matriculados no 2ª ciclo 3ª fase, num total de 152 alunos matriculados 148 passaram por duas professoras especialistas que fizeram um relatório levando em consideração os aspectos familiar, social, individual, e de aprendizagem de todos os alunos. Neste levantamento foram detectados os problemas de aprendizagem. Em grau maior ou menor dos alunos entrevistados.
Os alunos individualmente conversavam com a professora. Como boas ouvintes as professores conseguiam fazer com que os alunos espontaneamente falassem sobre sua vida, sua família, seus prazeres, seus gosto, suas brincadeiras, suas alegrias, suas tristezas, seu lazer, suas preferências, escola, reprovação e leituras.
O levantamento incluiu a leitura de textos, silenciosamente, oral e interpretativo. Os textos eram mesclados ora de ciências, historia, geografia, matemática e também o uso do dicionário. Percebemos que muitos alunos apresentavam algum tipo de alteração emocional ao expressar-se como: ansiedade, bloqueio, fobias, e outros apresentando certo descompromisso com a sua realidade. Observamos problemas de visão, fonológico e auditivo, ou seja, o desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou emocional. Cada aluno com sua particularidade permitiu-se falar daquilo que talvez não falassem há algum tempo com alguém. Suas angustias, tristezas, decepções familiares, problemas de agressões físicas, enfim, puderam compor um mosaico de sua vida pequenina.
Permitir que o aluno falasse de sua vida é possibilitá-lo ouvir a si mesmo. Neste momento o papel da escola não é atribuir ao aluno o seu fracasso, nem culpa pela desestruturação familiar, nem considerar as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem, mas apenas ouvir o que eles têm a dizer sobre sua vida.
O estudo contou com o apoio e colaboração da professora Hélia Regina Candido Ormond coordenadora pedagógica e da diretora Dilma Ferreira que articularam meios para que não houvesse nenhum entrave durante a pesquisa. Dispôs um espaço amplo e confortável e silencioso para receber ao aluno, com cadeira almofadada, ar condicionado e sala bem arejado. Os professores contribuíram para que os alunos sentissem bem a vontade quando solicitados pela professora pesquisadora, incentivando-os a participar.

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